parabéns querida


No Egipto tu és a casa de Isís, a Deusa da paz, amiga dos oprimidos, ouvinte dos poderosos,
O templo que alberga em si a senhora da natureza e dos mágicos eventos,
Aquela que a cada ano chorava seu Osiris, tantas lágrimas de tristeza que faziam transbordar o Nilo,
Assim creem os antigos, na sua sabedoria.
Em Roma te conferem o poder, a classe nobre, cargos de alto prestígio.
O latim te deu a pátria e fidalguia.
Desde Walf, da cintura principal fazes parte, assim te conhecem, e te dizem a origem de todos os do sistema solar.
Assim te fazes em teu nome a força da liberdade, da mudança e da aventura
Senhora do destino.
Assim dita o teu nome
Patrícia, hoje no teu dia te faço deusa, força, templo, pátria, paixão.
Senhora do teu destino.
Parabéns minha filha

na distância do jardim


Este é o jardim que tenho para ti
Plantado em mares de passos tranquilos
Ladeado de escarpas vivas de carne sofrida
Alimentadas de sal de espuma de pólen de lírios alvos
Que balançam nas copas ondulantes das mansas vagas
Este é o jardim do mar do paço que tenho para ti
Onde semeio no espaço cantos surdos antigos
Povoados de murmúrios de soluços abafados
Que guardas na vigília do silêncio das noites brancas
Onde te agarras à memória da luz dos meus olhos para te guiar
Pergunta-me agora, onde guardei o perfume.

vesti a minha casa para ti


Vesti a a minha casa para ti
E em todos os quartos coloquei pedaços meus.
Em quadros, tapetes, retratos, tecidos e formas de valor
cunhei com escopro, buril e fogo, a firma forte do meu amor.
Para ti, desenhei nas cores todos os sonhos sonhados
em formas de arco-íris ainda não inventados
e em todos eles deixei recados.
De cada sonho lembrado e criado para ti, a minha casa vesti,
e neles teci a luz dos sons vibrantes e cheiros da terra
que vinham de mim.
Para cada dia, meticulosamente, a minha casa eu vesti, 
da paleta que inventei para ti.
E docemente, ela te olhava com o brilho do fundo do escuro 
dos meus olhos e alargava o espectro que se agarrava languidamente às paredes do corpo da casa
que eu vesti para ti.
Na cor da minha luz eu vesti a minha casa para ti.

sorrir de novo para mim

Vou,
parar por aqui e vagarosamente
descansar um pouco, fechar os olhos
aproveitar até, e sem ver os escolhos
gole a gole e demoradamente
sorver o tempo que meus filhos tomou

Vou,
Sorrir de novo e mansamente
ficar quieta encher o copo e ganhar alento
aprisionar o génio e com algum talento
trago a trago e sorrateiramente
resgatar meus filhos que me levou

Vou,
Ficar sentada e sossegadamente
Ajeitar o corpo, agitar o copo, tomar o cosmos
Aceitar a trégua e travar a luta contra cronos
Receber meus filhos que me tirou

Vou
tomar meu tempo de novo por inteiro
traçar destino formar conselho, instruir a norma
acolher meus filhos um a um, abraçá-los cada um em sua forma
Feita luta, dor, coragem, esperança até
Força, glória, pátria, berço, amor e fé
Junto ao peito prendo à alma, meu fado, meu corpo,
meu temp(l)o verdadeiro.

o meu espaço


Vou soltar as rédeas do espaço que me habita
e mergulhar no ventre da casa que fiz minha,
abraçar a causa feita liberdade que tomei
quando ao alcance da terra feita corpo e espaço de mim
abracei a luta e gozei um mundo que fiz meu

vou-te fazer a corte


Vou-te fazer a corte
Fazer-me teu dote e jogar á sorte
emprestar-me sem pejo e dar-te glória
fazer-me teu trunfo e tua vitória
e conte ou não conte a memória

Vou-te fazer a corte

Vou-te fazer a corte sem recato
desfazer o embrulho, enfeitar o corpo e  sem rubor
refinar o porte desfazer o laço e em desacato
desferir o golpe que corte sem temor
as rédeas do tempo que é tempo de amor

Vou-te fazer a corte

Nos triunfos teus saborearei os meus
As glórias tuas dedicarei a Deus
Os doces momentos que vivam então
n o espaço inteiro da minha razão
Vou-te mesmo fazer a corte

hoje com Neto

Mussunda amigo
Para aqui estou eu
Mussunda amigo
 Para aqui estou eu

Contigo
Com a firme vitória da tua alegria
e da tua consciência

 O ió kalunga ua mu bangele!
 O ió kalunga ua mu bangele-lé-leleé...

Lembras-te?

Da tristeza daqueles tempos
em que íamos
comprar mangas
e lastimar o destino
das mulheres da Funda
dos nossos cantos de lamento
dos nossos desesperos
e das nuvens dos nossos olhos
Lembras-te?

Para aqui estou eu
Mussunda amigo

A vida a ti a devo
à mesma dedicação ao mesmo amor
com que me salvaste do abraço
da jibóia

à tua força
que transforma os destinos dos homens

A ti Mussunda amigo
a ti devo a vida

E escrevo versos que não entendes
compreendes a minha angústia?

Para aqui estou eu
Mussunda amigo
escrevendo versos que tu não entendes

Não era isto
o que nós queríamos, bem sei

Mas no espírito e na inteligência
nós somos!

Nós somos
Mussunda amigo
Nós somos

Inseparáveis
e caminhando ainda para o nosso sonho

No meu caminho
e no teu caminho
os corações batem ritmos
de noites fogueirentas
os pés dançam sobre palcos
de místicas tropicais
Os sons não se apagam dos ouvidos

 O ió kalunga ua mu bangele...

Nós somos!

 (Sagrada esperança)