Soltou-se o brilho das estrelas do olhar
Agarrado ao cheiro que te saía das mãos
Trouxeste-me a terra
em forma de fruto
Saudade amarrada à distância dum tempo
Que trago no peito em forma de concha
amaciado num cuidado de doces lembranças
Aqui me encontro deleitada
Quase em estado de contemplação
Sustenho-me no tempo e me conforto
Entre o odor forte e adocicado feito peito redondo e duro
E a maciez do interior, ventre d’alma generosa
Espessas águas, caldo
morno,
Vísceras de agridoce sabor que me agarra ao rubro quente
Do meu fado, vida, espaço, colo, útero de mim feito
Vinha abraçado aos irmãos um já despido do corpo
Que exaltava o característico dum mais comum feito diferente
E outro ainda dentro do casulo, a adivinhar o festim doce
acre
De rebentar os lábios num torpor dolente de adoçar o coração
Ambos relicários do tempo, assim mos trouxeste
E estendeste-me a rede do tempo que me torna
inteira