obrigada aos meus amigos

sabem que na vida se vai construindo devarinho muros bem sólidos.
sinto que já fiz uma boa parte a avaliar pelos muitos tijolos a que me agarrei nessa altura e que foram chegando espontâneamente.
obrigada a todos
não tenho braços pra abraçar este muro
mas juro foi ele que me segurou

em branco

descobri depois
só mesmo há uns quatro dias enquanto falávamos daquele dia fatídico em que fui a uma urgência e depois tive de seguir para outro hospital
descobri que tinha feito um intervalo...
estranhamente apaguei e saí de cena entre a saída de um hospital para outro.
O filho contava-me alguns pormenores que eu já não tinha registo.
A médica que tinha falado connosco. O homem que estava bêbado e que se metia com toda a gente e tiveram que o tirar de lá...
O maior vazio foi tu teres estado comigo até às 5 da manhã e eu não ter esse registo.
Disseste que falaste sempre comigo. repondia-te.
E disseste com os olhos rasos de lágrimas e um aperto na garganta.
Senti que cresci mãe.
Foi naquele momento mãe em que te tive de despir e por-te na cama.
Sei que alguém teria estado comigo, mas tudo isto está em branco..É tão estranho...
Às vezes em tom de brincadeira ainda dizes:
Claro, tinha que ser comigo, não sou o filho querido...
rimo-nos, claro!
Amo-te tanto meu amor (pilar).

confesso estou com a boca doce - já matabichei

Ainda tenho a boca a saber a manguinha pequenina da Lua que a filha trouxe.
Foi assim que começo o matabicho.
Confesso que primeiro agarrei-me logo à paracuca de benguela.
Depois soube-me bem voltar à infância.
A filha trouxe leite Nido. Daquele que não é instantâneo.
Fiz logo umas boas colheradas de papa. Só mesmo o Nido com água e ainda lhe estou a guardar o sabor. A sensação. A emoção.
O abaaxi ficou mesmo só na cozinha para a casa agarrar o cheiro intenso.
A fuba branquinha aguarda a família ainda dentro dos sacos.O caombo vermelhinho foi pro congelador.
O cheiro quente do sul traz-me de volta.
Estou com a boca doce.

a filhota chegou gora mesmo

estava a sonhar. Juro, ainda tenho daqueles sonhos bons de não querer acabar.
Despertou-me um beijo docinho.
A filhota voltou.
Contei-lhe:
acreditas que estava a sonhar que estava na escola? numa aula de artes.
estava extasiada tinha dois mestres tipo o Zink. Lembras-te de eu vos contar que foi o meu grande mentor nos anos setenta ainda na João Crisóstomo em Luanda, na altura em que morreu o Picasso e fizemos um minuto de silêncio, nós nem sabíamos o que significava. Era mesmo sinal de respeito.
Era assim o sonho. Era parecido. Tinham-nos desta vez dado um tema.
Fazer uma representação de nós próprios. Um auto-retrato digamos.
Lembro-me que o colega que ia ao meu lado tinha um esboço em que a figura tinha asas. A professora olhou-me e comentou:
Aposto que até já sabes o que vais fazer.

Na realidade não consegua imaginar-me. Conheço-me como uma leoa era sem dúvida o meu retrato. Mas não sou nada de atacar sem ser atacada... mesmo com fome... tinha as minhas dúvidas e repensei.
Revi-me elegante e forte atenta e dona do meu espaço. Foi assim que a filhota me despertou quando me preparava para fazer o meu esboço.
Afinal eu era uma Palanca Negra.

quando voaste até mim

Falaste comigo quase todos os dias.
Demo-nos coragem e encurtamos caminhos
Mas a dor da incerteza alongou a distância
aí, não conseguiste meu amor e voaste até mim.
É só uma lembrança disseste com os olhos marejados de lágrimas
trazias um rolo de tela na mão que me entregaste quase como se de um testemunho se tratasse.
eram quatro figuras femininas
mulheres seguras e com os pés pregados ao chão vermelho
força de quadris e a quinda da fortuna de futuro n)à cabeça.
Assim as vi
Nós a duas com a força de quatro
Assim me lembro.
Abraçamos-nos.
Ficaste mis serena.
Demo-nos força.
E toda a tarde saboreei o punhado de paracuca que trouxeste.
Afinal o sul é já ali na porta ao lado.
Eu bem te dizia meu amor.
Acredita, Em breve estaremos juntos.

a um salto do sul quanto aperta o coração

A saudade apertou o coração da mãe e trouxe-a do sul assim de repente.Apertamos o abraço e os nossos corações disseram tudo.Foi tão doce filhota. Obrigada.

E tu meu tesouro nem conseguiste descolar-te do colo da mamã, nem só para um miminho à vó.
Não faz mal.
A avó fica boa e vai outra vez brincar
dar colinho e dar a papa.
A mamã trouxe calor
A mamã trouxe amor
A mamã é linda
Diz outra vez para a mãe ouvir:
Amo-te muito!!!
Sim senhor. Muito bem.
A mamã também te ama muito.
Até amanhã. Feliz noite.
Amo-te muito meu amor.



Sabes, vou-te contar um segredo.
A mãe veio assim muito de repente porque estava num trabalho de muitos dias, mas chega amanhã!!!!
Viva!!!!!!

vó!!! onde estáa avó?

O Sul chamava de novo a mamã querido...
sabes que a mãe sem hesitar te deixava seguro com a vó
e tu meu tesouro agarravas-te seguro à asa quentinha da vó completamente presa ao teu cheiro.
Havia agora a nova escolinha, e t acreditavas e agarravas-te seguro à vó que te dava o ritmo da mamã, embora sem muito jeito para os DVD's que tu muito senhor de ti seguravas cm os deditos firmes pelo centro para delicadamente e seguro os colocavas na caixinha certa. Pedias que repetisse vezes sem conta já dentro da caixa mágica que reproduzia os sons e mostrava na grande tela as imagens do Nody Panda Tao Tao e sobretudo o fofinho Pocoyo e tantos outros que a vó já nem consegue decorar sem a tua ajuda.
Depois a avó foi trabalhar e demorou muito a chegar o tio foi para um escola longe e também demorava a chegar ficou então o tio Oka e a mana da vó e a vida foi andando até que um dia o tio conseguiu mostrar-te a avó da janela do daquele quarto que nã parecia o trabalho e também tinha umas camas com outras pessoas que não conhecias.
Fizeste uma cara muito estranha mas abraçaste muito a avó e disseste muitas vezes hello, by by "godmoning" que tinhas aprendido na nova escolinha.
Depois, depois a avó não podia sair dali e tu agarraste o braço da vó com toda a força e pediste tanto tanto para a vo sair por ali pela janela que a vó ficou com os olhos tristes e um bocadito turvos como o tempo cinzento que já estava lá fora.
Foi assim que viste a vó naquela casa grande onde não podem entrar os pequeninos e que tinha uma janelinha para a rua que dava para dar beijinhos.

ainda no teu cantinho - nas férias

Quero tatuar-te poro a poro
E desenhar-te na pele a linhas do meu corpo
Quero tingir-te com a seiva e o húmus do meu ventre
Amar-te assim intensamente até que se esgote o rubro das acácias
Que alimentam a terra do meu chão
Quero, quero vestir-te de mim

um cantinho para ti

esta ainda foi no sabor das doces férias...


Bebi da tua taça
Perdi-me na embriagues da tua flama
Onde retemperei o húmus da minha terra em chama
Bebi da tua sassa ardente
E sorvi o teu licor em taça quente
Achei-me então nos caminhos do teu corpo
Que clama pelo meu ébrio de ti
Trago a trago, deleitei-me no doce maná do teu conforto
Achei-me assim saciada na minha terra prometida

mensagem

A mensagem do filhote que encontrei no PC

Mâaaaaaeeeeiiiimmmmm poe-te boa!

aprendizagem

novo léxico
após estadia de uns dias no Fernando Fonseca
IPO para 2ª PL

Cefaleia
Dormência lado esquerdo

avc?
neoplasia
Tálamo
aneurisma do cepto auricular
origem tumoral
origem infecciosa
lesao infiltrativa?

linfositos atípicos
hemaparesia esquerda grau 4 mais face

FOP
RM
RMN
lesão do SCN

................................................
A 2ª PL diz que não!!!!
não é linfoma
Não, Não é Tumoral!!!

O que é então?

Nova ressonância para percber a evolução da lesão.

"Resta-me ficar sentada a fiar"

(Ainda muita dor de cabeça e contratura muscular)
O coraçãozito tem que esperar enquanto se investiga a lesão.














posível origem infecciosa
não conclusivo

resisto

Resisto
E de mãos cheias de vazio clamo:
Não tenho escolha
E sem escolha escolho a luta
Serena, com cheiros de terra, lar, doçura e futuros prenhes de abraços de braços minúsculos, pequenos, longos, ou fortes de todos vós que de dentro de mim vieram
Ou dos que de fora escolheram comigo caminhar
Afinal, afinal clamarei:
Eu tenho escolha!

sombras

Sem saber porquê a sombra oculta e húmida da lua
Teimou invadir o espaço do brilho de sol que me vem de dentro
Mas não quero ceder, nem quando aquele frio toma conta de mim e me trai a esperança
ou quando as dores me tolhem o corpo e me desfazem o sorriso
às incertezas de exames e mais exames, respondo com a força da certeza
do meu “Deus das pequenas coisas”
e é assim… que estou pronta!
É assim,
Que a força me vem de dentro de vós
De vós que de dentro de mim se fez inteira
Força de aço, braço, chama, raio credo e fé
Fiz-me em vós e por vós ficarei!

açores, apelo do coração

Sabes que me lembras muito o Patch Adams?
Será que foi a tua fonte de inspiração quando escolheste o caminho da enfermagem?
Depois o destino que te levou aos Açores fez-me pensar, que mais uma vez não teria sido por mero acaso.
Já me tinha ficado por este lado da face escura da lua na incerteza de voltar, e mesmo assim aguentaste-te determinado nas canetas. O círculo do nosso clã de afectos apertou o cerco e confortou-nos e tu meu querido portaste-te como só tu sabes a cuidar do bebé da mana eu rumou para sul, da tua passagem, das compra de última hora, da hipotética bolsa… enfim meu filho é só mais uma prova.
Agora alegra-me saber-te bem, a gostar do que fazes, a apreciar cada detalhe e a trazer-nos novos cheiros e cores de um novo espaço que não conhecíamos.
Abriste sem querer outra porta
Vamos ver o que nos espera…
Obrigada filho!
Amo-te muito.

quadro de valor a caminho dos açores

Quadro de Valor – Parabéns Filho!

Falei-vos em tempos no prémio do “Melhor Companheiro”?
Então agora ponham lá a cereja em cima do bolo;
- Receio bem que seja de tal dimensão que o peso a faça envolver o bolo.
Agora esta fez-me lembrar tempos lá mesmo muito atrás, em que a borda da mesa da sala de jantar ainda me dava pelo início do nariz o que já dava para os meus olhitos alcançarem aquela bola imensa vermelhinha que aparecia em cima da mesa e fazia-me crescer água na boca. Era o primo que com o pré conseguia trazer do DBI (Depósito Base de Intendência), o queijo flamengo, com mais umas coisas e dava de presente à mãe, aí eu imaginava que um dia quando fosse grande e ganhasse muito dinheiro eu comprava uma inteirinha só para mim, a abriria ao meio e punha o pão lá dentro e comia, comia até me fartar.
Voltando à nossa cereja linda, foi a que se juntou à dos Rotários de Carcavelos atribuída há uns tempos atrás ao meu caçulinha.
Esta cereja chamava-se “Quadro de Valor” e coube ao meu filhote que terminava o 12º ano numa EP com valores e de valores.
É que o filhote de pois de umas férias cheias de trabalho voluntário de Julho a Agosto descansava finalmente uma semanita antes de saber o que seria o seu futuro naquele início de Setembro que traria o seu passaporte para esta nova etapa, “Fac ou não Fac era a questão”, uma Fac Pública claro.
É que ser voluntário, disponível, solidário, generoso, participante, actuante, activo, brilhante e sensível não combinava ou pelo menos era difícil de gerir com o ser competitivo, ambicioso, marrão, ou cromo…
Mas filho, agora digo-te, do fundo do coração;
É difícil, senão quase impossível, colocar no mesmo prato da balança os pesos de excelência e valor quando no outro o sucesso se pesa por dignidade e amor.
Assim meu amor, derreti-me quando optaste pelo peso do valor.
Parabéns querido!

retomando a viagem

Vinham aí os cinquenta que já vinha anunciando antes mesmo de chegar a data tão esperada.
Cumpria-se a minha vitória do meu meio século. Agora era mesmo só continuar a caminhar.
Vinham aí os cinquenta que iam mergulhar no meio do rio calmo dos dias que prometiam quebrar as rotinas àqueles que durante o ano acumulavam promessas de sonhos de acalmia ou asas de águia daquelas que levam aos píncaros e deixam ver do alto o passeio das formigas, sem o receio do chicote do cronos nem dos ditames dos costumes e tudo condensado naquele prémio que como todos esperei, ao fim do ano de trabalho naquele intervalinho em que esperamos ao menos poder jiboiar.
Então prometi-me e programei pequenos mimos só para mim, como um pirolito ou paracuca no recreio.
Foi doce, pleno e gostoso e coroado com a passagem do meu meio século recheado de mimos, doces quentes, muitos deles, mesmo só do coração.
Deu-me então aquele estado de calma a sensação de leveza de missão cumprida… Assim mesmo, sem interrogações, reticências, ponto e vírgula, dois pontos ou exclamação. Mas sem ponto final.
Assim me achei até que o meu primogénito me presenteou com um romance cuja dedicatória será como uma oração que me acompanhará até ao fim dos meus dias.
Emocionei-me claro!
Não posso deixar assim de partilhar…

Renascer aos 50
Renascer aos cinquenta? Não!
Tu renasces todos os dias.
Minha Mãe, olho para os teus cinquenta com orgulho.
Como um exemplo…
Esses caminhos por onde a vida te levou
Ninguém te disse como os percorrer
Mas tu, tu chegaste aos cinquenta triunfante!!
Caminhei contigo por quase metade deles…
Ainda mal sabia andar e já olhava para ti, em silêncio,
Enquanto reunias as forças para subir Aquelas Ruas…
Costumavas dizer que eu era uma criança que observava muito…
Não podia ser de outra forma! Ensinavas-me tanto,
Deste-me tanto…
Mãe, a palavra que define o teu caminho até aqui é Amor.
Fizeste toda a tua vida com essa bússola que te fez
a mulher que amo Hoje!
Poucos podem dizer o que te digo…
Espero conseguir seguir o trilho que me tens deixado.

Parabéns Mãe

Óscar 09.09.2010