A comenda

Ficou colado ao banco
exausto de mil investidas
na pretensa cavaqueira
em jeito despretensioso
mas carregado de intenção.
Do muito que disse então
ficou muito por dizer
agora digam lá meus senhores,
a causa de tal omissão
nesta que era dita uma empresa
de tão grande dimensão?
Falo de muros quebrados
nobres costumes, e transformações
estados ditos de direito
homens de muitas razões,
passeio por lugares diferentes
em tom de grande sedução
erguendo sempre a real taça
da glória de tal nação.
Vestida com vestes de festa
orgulho de tal dimensão
por filhos dotados criados
na seio da tradição
fui desfiando glórias,
cantos, louvores e vitórias
e em tão grande proporção
que foi mantido o carrasco
dentro da caixa selada
a salvo de considerações.
Agora digam lá meus senhores
a causa de tal omissão
Quem sabe por r(d)ores de razões
que nos apagam memórias
de cansaço de contendas
contra o vilão gordo e seboso
que teima ter sempre razão.
Aquele que nos veda o caminho
quando desde tenra idade nos impõe diferença
para com outros bichos como nós.
Escondi feridas já saradas,cicatrizes,
amargos de sal em faces secas,
veladas dores suportadas por firmeza.
Dourei a pílula, como quando cantamos o choro
Deixei que me tolhesse a razão,
Inventei a pedra roseta, atingi a perfeição,
quando escondi o carrasco, inebriada pela paixão.
Agora digam lá meus senhores
a causa de tal omissão.