Na esperança de te ter descolei o corpo inerte
Que se retirava num pedaço de pele do velho sobrado
Quando no ardor da ânsia de te possuir
Os rasgos de sol te comiam com o seu fogo o teu orvalho
Na esperança de te ter segui o seu falo
a penetrar fundo na fenda fina da húmida muralha
que estreitava o teu continente com ambas as pernas
E vi-o extasiar-se enfim no manto rubro
Que vestia a grande casa do caudal dos longos dias
E eu esperava
E na esperança de te ter
Madruguei para erguer num insano torpor
a esteira da auréola do futuro em ti, nas matizes dos meus
dias
E fi-la assim, casa minha, arca do meu sonho, relicário, quente
afago,
Na esperança de te ver,
E esperar o doce húmus, cálice, taça, cadinho meu,
num telúrico desejo de vingar a sede, da senda da noite da espera
E abraçar-te terra minha