Pentecostes em abril - visto do arco da rua augusta

Não esperamos cinquenta dias.
Urgia que fosse feita a comemoração e ainda não tinhas subido aos céus pois querias fazer parte da festa.
Sabias que precisávamos de ânimo e a nós te juntaste e deste a volta à história.
Eu subi lá acima, queria ver melhor e vi-te cá em baixo entre os demais. 
Será que partes de novo? Sei que queres continuar os ensinamentos. Receio que nos faltem as forças e não consigamos acompanhar.
É preciso lutar. É preciso mudar. É preciso continuar.
Levantaste-te nem faz uma semana e assim se decidiu antecipar este Pentecostes e trocar as voltas ao estabelecido.
Trouxeste então a chama como derradeira luz de esperança nesta festa antecipada.
Fizemo-la não no sétimo dia depois da tua ascensão, mas quase ao sétimo da tua ressurreição.
Da praça se fez o cenáculo e éramos todos discípulos. Assim o percebemos, assim o recebemos. 
E o festival da colheita rubra, fez descer do céu línguas de chama em corpo de cravos em sangue que desciam até nós mitigando com a sua luz os nossos espíritos esfomeados de justiça.
Do cenáculo transportado para todas as almas de um tempo de novo sombrio chegava a voz do exército, no apelo aos mandamentos para devolver  esperança em tempo do êxodo.
Pentecostes em tempo antecipado, o espírito que dará o dom das línguas que vestirão um novo discurso, a nova força que marcará de certo o nascimento do movimento pentecostal.
O que nasceu quando os cravos vieram do céu.