e assim te acompanho


E assim te acompanho

No desenho de contornos num volteio
Onde mansamente me embalo e trauteio
Num teu espaço de teu canto sou provida
do som que buscas na  busca da vida
que  recriaste e compuseste sem temor

Aqui onde já não habita a dor
Se faz canto o desencanto meu amor,
terno, amargo, doce fado, amor meu,
E assim te fizeste Orfeu

No encanto da vida agora enfim
Fias versos, arranjos, notas, e redondilhas
Que enovelas mansamente e que dedilhas
Em odes de recortes, novas trovas, 
Que cantas pra viver em quadras soltas
Na roca feita lira que inventaste para mim

E assim te acompanho

no teu mar


Ouço-te no teu mar
Numa leda canção de outros tempos de amar
E escuto-te no refrão de memórias fortes
Do travo amargo do sal que queres apagar
E quedo-me no (re)verso do sabor do tom que lhes queres dar

Assim te escuto enleada e rendida
Na doce toada do tecido macio das ondas reflectida
Com novos reflexos fiados de um ouro renascido
Neste mar sempre mistério, leito, chão desconhecido
Que tão sabiamente conseguiste reinventar

E assim me achei colada ao ventre do teu mar
Quando decidiste fiar de novo e teimosamente
a rede da tua força de acreditar onde estarei  aqui e sempre
Certa inteira e segura na firmeza de te acompanhar