No serão

Vou,
Vou refugiar-me no quente do teu abraço,
Levar-te o cheiro a caju que me tomaste,
Erguer a palmeira entoando hinos ao amor.

Seguir o trilho da fé com a força de peregrino
Devolver-te o elixir feito terra vermelha.
Seguir-te kimbanda, e perder-me nas histórias de mim,
Feitas terras, fogo, alma, dor, saudade, luxúria, amor.

Soltar as garras mansas no teu leito
Onde ainda guardas calemas, chanas, anharas, matas e rios
Onde habitam fantasmas, espíritos, antepassados
Tomar-te enfim.

O Francisco já nasceu!

Olá, acabei de chegar são e salvo da minha viagem de 9 meses e 10 dias, aterrei eram 1:47, está tudo bem comigo!!!!

Ass. Francisco


Rosas brancas como diziam antigamente!- diria a mãe.

O Francisco nasceu e o o papá babado enviou-nos este telegrama lindo pelo telemóvel.

É lindo, muito cabeludo, parecido com a mana que diz que o silêncio é verde.

Um novo rebento para alegrar os nossos dias de futuro com novos presentes para nos dar.

A história de um serão | um presente de amor

A história de um serão


Vem,
traz-me memórias d’Africa,
calemas, chanas, anharas, matas e rios.

Vem,
acorda em mim histórias incontáveis,
fantasmas, espíritos, antepassados…

Vem,
cura minhalma da saudade de ti, antes de te saber,
e das terras que foram recreio de juventude.

Vem,
dá-me a tua magia
e acorda o Kimbanda que fui.

Vem,
traz-me o cheiro a caju, a coroa de palmeira,
da gazela o olhar, da onça as garras.

Vem,
com aquele jeito de gata inofensiva
de repente leoa, empina-te, torce-te, salta.

Vem,
sussurra o que quero ouvir,
depois geme, grita, urra, morde.

Vem-te,
e por fim…
leva o que restar de mim!

JSSilva
qua 28-07-2010 02:56

Falam os Mestres

esta chegou-me emailada por uma amiga.


Um mestre do Oriente viu quando um escorpião que se estava a afogar decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião picou-o. Pela reação de dor, o mestre soltou-o e o animal caiu na água e estava-se a afogar. O mestre tentou tirá-lo novamente e outra vez o animal picou-o. Alguém que estava a observar aproximou-se do mestre e disse-lhe:

- Desculpe-me mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo? O mestre respondeu:

- A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar.

Então, com a ajuda de uma folha, o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida, e continuou:

- Não mude sua natureza se alguém lhe faz algum mal; apenas tome precauções. Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Quando a vida lhe apresentar mil razões para chorar, mostre- lhe que tem mil e uma razões para sorrir. Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de si... E o que os outros pensam… é problema deles.

boa noite mãe

Fui contigo filha

A filhota ontem (19) rumou para sul.
Está na Lua.
Chegou bem.
No aeroporto apeteceu-me correr para lá sem olhar para trás...
Esperamos na angústia da despedida calada com disfarce de conversa de circunstância com o tempo a acompanhar ali mesmo parado num gozo tranquilo da espera.
E ria. Ria descarado a ver-me saudosa feliz.
Mãe, não vou querer ver choradeiras…
Não filho, é tudo tão simples como se este hall fosse um enorme corredor com várias portas que se vão abrindo e fechando. Assim vamos entrando e saindo dos lugares vários da vida,
do mundo. Assim é o espaço. Assim é o tempo… assim o vejo desde sempre.
Olhei o fundo do corredor como que para o infinito. Disse ao filho que era ali que eu ia um dia encontrar o sul. Estava muito escuro. E baixei os olhos para esconder o pesadelo de muitos longos dias a percorrer o corredor sem conseguir encontrar a porta do sul. Como se a visse e a não conseguisse alcançar… como se premisse o botão do andar no elevador e ele nunca parasse no piso esperado.
E agora ali tão perto…
Foi quando disse resoluta com os olhos do filho presos aos meus a tentar segurar comigo o fardo para me aliviar do peso. Vou-me embora.
E penso que fui. Fui contigo filha. Hoje quando me ligaste não percebi sequer a distância. Estamos juntas.

segredos

Ontem experimentámos juntos o sabor de uma amarga memória.
Convidei-te a ver horror que provaste pela primeira vez.
Foi mesmo dessa forma que to anunciei meu filho.
Tinha que partilhar disse-te.
Carregava-o comigo desde tão cedo
que a pele da minha alma se me envelheceu ainda no corpo de criança.
Assim surgiram as sombras
que teimo pintar de verdes prados, corroer de luz e tintas tantas
que mesmo que se me tolde a vista, vazem os olhos e tolham os membros
que seguram a ponte que nos une neste espaço de vida
não largarei, não deixarei que a tela de futuro se nos escape.

Novas memórias roubadas dos pedaços

Novas memórias.
De vida, de uma nova vida prenhe de doces recados
de cheiros e calores de encontros
de futuros de passado vividos neste presente
embrulhadinho em papel de ceda
que trago e cuido com desvelo
numa vigília constante como se pudesse
como se quisesse como se devesse e me atrevesse
ou pudesse evitar as sombras.

Este futuro que traz consigo o império
de pilares feitos gente que me ergueu
a família feita de novos a aprender caminho
de mais velhos a deixar testemunho
de minúsculos polegarzinhos a testemunhar herança feita festa,
entre parentes que se pode juntar
no momento que se faz sempre do hoje,
em paredes que alargaram, na sala que invadiu a varanda onde móveis que se comprimiram, em jeitos de força, vindos da força de laços,
num milagre para transformar o andar no quintal
deste futuro feito o meu império.

ando por aí

ando por aí a passear histórias
de brilhos e cheiros
e sons de luar

que envoltos em sonhos tecidos de seda, se vestem de gala
neste estado de mim

ando por aí a passear histórias
de trilhos primeiros
que escutas no ar

e ocupo silêncios que gozam da brisa de novas vitórias
montadas no dorso do meu arco íris que guardo na mala
que fiz para mim

Assim me escondo em silêncios roubados
a risos de festa
de uma nova vida de vestes de seda, brocados
cetins de cor de carmim

e passeio o meu sonho montado em sorrisos num rio de paz
que em encantos salgados de espuma de mar
se queda mistura e revolta na boca e em fim se desfaz

ando por aí (na foz)

sabe bem ver isto... lindo!!!