Seca-me a pele de tanto amargo ao meu redor
Doem-me os olhos de tanto quadro de dor
Explode-me o peito de tanta voz em grito sufocado
 
Mas porque se calam os braços e não abraçam mais as ruas?
Porque se tolhem as pernas e não correm pelas lutas?
Ardem-me os olhos a pele a boca a marcha o grito a cor da impotência
Verte-me o pesar do ar que não quero mais respirar
 
Porque se calaram os braços?
Porque falam em surdina todas as pernas da minha rua?
Veste-me o luto que não vou mais querer vestir
 
Quero voltar a ver a luz do cravo rubro
E beber do seu licor em cada madrugada