em pleno

em pleno, num desafio maroto,
sigo bamboleante
no desfile desta passerele da vida.
olho nos olhos a multidão de gentes como eu,
reencontro-me e mostro-me sem receios.
afinal de contas, são apenas réplicas de vozes
muitas vezes caladas pelo amargo dum não vale a pena,
dum faz de contas que não foi, ou tanto faz,
sigo como quem ousa, cria e recria,
marca, desmarca e diz não.
não, não quero mais passar em negro,
não quero mais dizer que sim, porque sim.
abafar a voz do corpo que grita por socorro
e se desprende da mente paralisante do branco dos receios,
que repetidamente lhe recusa os passos
e teimosamente tolhe a razão.