bora lá a fintar o destino na calma...
O teu dia da chegada e da partida
9-12-1932 /9-12-2011
O teu dia da chegada e da partida
Sexta feira,9 de Dezembro
O dia em que o céu se tingiu de timbre rubro vivo
Odor forte que acende o corpo e acalma a alma
Vestido do brilho de estrelas bagas escarlate
Eu nasci no café, vivi no café… a tua lenga-lenga,
de que já nos apropriamos fazia-se ouvir já rouca e sem fôlego
por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida…
Eu nasci no café, vivi no café…
E na hora em que agigantaste docemente os ramos
e simplesmente decidiste tomar assento no grande planalto
assim se fez vontade e se plantou no firmamento
um extenso e enorme cafezal
Assim se cumpria o teu ciclo
por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida
Tu, não deixaste caminho, curva ou estrada por desbravar
Batalha, espera ou fado por vencer
Foste vida de força e sabedoria que eu quero aprender
E de novo por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida, se fazia ouvir
Eu nasci no café, vivi no café…
Assim se cumpria, vencidos os teus 79 cacimbos nem mais nem menos,
O teu dia, era a tua hora da chegada e da partida
E eu não te queria chorar porque quiseste que fosse alegria
A chegada na tua partida, a partida na tua chegada, assim tu o fizeste.
No teu dia minha mãe, fez-se ouvir o teu fio de voz
Tatuado nos corpos ferventes de todas as paredes
Num chão liquefeito negro vivo a exalar o odor forte
e quente que desde sempre nos confortou o corpo e acalmou a alma
e nos fez acreditar que tudo se há-de arranjar... a sul
Eu nasci no café, vivi no café…
O teu dia da chegada e da partida
Sexta feira,9 de Dezembro
O dia em que o céu se tingiu de timbre rubro vivo
Odor forte que acende o corpo e acalma a alma
Vestido do brilho de estrelas bagas escarlate
Eu nasci no café, vivi no café… a tua lenga-lenga,
de que já nos apropriamos fazia-se ouvir já rouca e sem fôlego
por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida…
Eu nasci no café, vivi no café…
E na hora em que agigantaste docemente os ramos
e simplesmente decidiste tomar assento no grande planalto
assim se fez vontade e se plantou no firmamento
um extenso e enorme cafezal
Assim se cumpria o teu ciclo
por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida
Tu, não deixaste caminho, curva ou estrada por desbravar
Batalha, espera ou fado por vencer
Foste vida de força e sabedoria que eu quero aprender
E de novo por cima de um som de quissange vindo de dentro da nossa cabeça
a compor a sinfonia da partida, se fazia ouvir
Eu nasci no café, vivi no café…
Assim se cumpria, vencidos os teus 79 cacimbos nem mais nem menos,
O teu dia, era a tua hora da chegada e da partida
E eu não te queria chorar porque quiseste que fosse alegria
A chegada na tua partida, a partida na tua chegada, assim tu o fizeste.
No teu dia minha mãe, fez-se ouvir o teu fio de voz
Tatuado nos corpos ferventes de todas as paredes
Num chão liquefeito negro vivo a exalar o odor forte
e quente que desde sempre nos confortou o corpo e acalmou a alma
e nos fez acreditar que tudo se há-de arranjar... a sul
Eu nasci no café, vivi no café…
Temptation
Rusted brandy in a diamond glass
Everything is made from dreams
Time is made from honey slow and sweet
Only the fools know what it means
Temptation, temptation, temptation
I can't resist
Well I know that she is made of smoke
But I've lost my way
He knows that I am broke
But I must play
Temptation, oh temptation, temptation,
I can't resist
Dutch pink and Italian blue
He is there waiting for you
My will has disappeared
Now confusion is so clear
Temptation, temptation, temptation
I can't resist
...
Temptation, temptation, temptation
I can't resist
Urbano de Castro - Na Gajageira
Pedaços de sonhos tecidos
em fileiras de cor pelos balcões
a mãe desenhava aqui as ilusões
de moda nova para fazer banga
eu acompanhava a dança mágica
e sonhava sonhos de princesa
vestidos de chita na gajageira
em fileiras de cor pelos balcões
a mãe desenhava aqui as ilusões
de moda nova para fazer banga
eu acompanhava a dança mágica
e sonhava sonhos de princesa
vestidos de chita na gajageira
manto carmim
Caminho pela passadeira pintada de acácias vermelhas,
que se colam aos pés na minha passagem.
Carrego-te manto carmim e tu pesado de lutas velhas,
arrastas-te e tinges de pétalas o meu chão nesta viagem.
Já não me podes proteger, dos gritos e golpes das feras que vêm de fora
Cá dentro já ninguém mora
Estou seca pois já não consegues reter as águas das chuvas que bebi
Tenho frio e já não temperas o lume da terra que ontem acendi
Tenho fome e já não seguras o mel dos tempos que vivi
Ardo em febre e já não me refrescas com o teu sopro de vida,
Cá dentro já ninguém mora
Tão só um corpo vazio deambula já quase incapaz de respirar
claudica e se arrasta pela estrada de tinta rubra, já sem querer se desviar
Ficará apenas a longa veste de pele arrancada do corpo de vida retida,
pelas pedras e espinhos de uma vereda sem fim
E em breve secarás manto carmim
E ao colo do vento em escamas de folhas secas te desprenderás enfim
Porque agora,
Cá dentro já ninguém mora
Apenas vive o fim que vem de mim
que se colam aos pés na minha passagem.
Carrego-te manto carmim e tu pesado de lutas velhas,
arrastas-te e tinges de pétalas o meu chão nesta viagem.
Já não me podes proteger, dos gritos e golpes das feras que vêm de fora
Cá dentro já ninguém mora
Estou seca pois já não consegues reter as águas das chuvas que bebi
Tenho frio e já não temperas o lume da terra que ontem acendi
Tenho fome e já não seguras o mel dos tempos que vivi
Ardo em febre e já não me refrescas com o teu sopro de vida,
Cá dentro já ninguém mora
Tão só um corpo vazio deambula já quase incapaz de respirar
claudica e se arrasta pela estrada de tinta rubra, já sem querer se desviar
Ficará apenas a longa veste de pele arrancada do corpo de vida retida,
pelas pedras e espinhos de uma vereda sem fim
E em breve secarás manto carmim
E ao colo do vento em escamas de folhas secas te desprenderás enfim
Porque agora,
Cá dentro já ninguém mora
Apenas vive o fim que vem de mim
milonga minha dor
Os saiotes de prata esvoaçam em volteios ritmados duma qualquer milonga
que espalha o brilho da lua na pele do chão de céu do teu corpo meu amor,
e te cobre por magia poro a poro com velas reluzentes que te vestem de cor,
deusa minha, estranha intrusa, meu caminho, meu destino, minha estrada escura e longa.
E em meneios ritmados de improviso,
gingados sem aviso,
em jeito de tango ruim,
ensaias figuras e passos dolentes, malandros, e quentes,
danças nua para mim,
Sem que eu possa, faça, queira, ou tente, dar um passo,
que trave ou ameace o teu compasso,
Negra estrela, amarga, fera meiga, doce ardor,
minha amante, noite longa, lua escura, minha dor
que espalha o brilho da lua na pele do chão de céu do teu corpo meu amor,
e te cobre por magia poro a poro com velas reluzentes que te vestem de cor,
deusa minha, estranha intrusa, meu caminho, meu destino, minha estrada escura e longa.
E em meneios ritmados de improviso,
gingados sem aviso,
em jeito de tango ruim,
ensaias figuras e passos dolentes, malandros, e quentes,
danças nua para mim,
Sem que eu possa, faça, queira, ou tente, dar um passo,
que trave ou ameace o teu compasso,
Negra estrela, amarga, fera meiga, doce ardor,
minha amante, noite longa, lua escura, minha dor
Parabéns meu filho
Viste as reviengas, as bassulas
o balanço e a alegria quente
dos passos de paço e farra
que a gente pode dar na vida?
É assim, às da lança ou azagaia,
como dita o teu nome, que deves apontar o destino.
Sei que já bateu forte, mas fazes delas sorte,
e marcas as marcas fazendo delas posse
meu guerreiro maior
Parabéns neste teu dia!
o balanço e a alegria quente
dos passos de paço e farra
que a gente pode dar na vida?
É assim, às da lança ou azagaia,
como dita o teu nome, que deves apontar o destino.
Sei que já bateu forte, mas fazes delas sorte,
e marcas as marcas fazendo delas posse
meu guerreiro maior
Parabéns neste teu dia!
Vem roubar o meu fogo amor
Vem roubar o meu fogo amor
E eu esconderei de Zeus tal grave crime
Farei a nova história, onde o fado se redime
Transforma o pecado em grande feito,
Te faça herói,e isenta de tormento e dor
Da águia evitarás o seu gesto punidor
Contrariando pai Urano fugirás
Seguindo a mãe Gaia vingarás
Assim Cronos, possa resgatar o Amor
Filho dos céus e da terra qual titã
Não farás da luta força vã
Esconderás o meu feitiço Prometeu
E farei com que a nova história amor meu
Dê outra luz aos novos tempos que trarás
E eu esconderei de Zeus tal grave crime
Farei a nova história, onde o fado se redime
Transforma o pecado em grande feito,
Te faça herói,e isenta de tormento e dor
Da águia evitarás o seu gesto punidor
Contrariando pai Urano fugirás
Seguindo a mãe Gaia vingarás
Assim Cronos, possa resgatar o Amor
Filho dos céus e da terra qual titã
Não farás da luta força vã
Esconderás o meu feitiço Prometeu
E farei com que a nova história amor meu
Dê outra luz aos novos tempos que trarás
em jeito de canção no sol do violão
Vou entornar a taça,
Viver a graça, sentir a glória, e ficar de pé,
Respirar com garra, agarrar a farra, encontrar a fé.
Vou curtir a dança e viver à farta entornar até,
E despir o corpo, ajeitar o dorso e lamber o pé.
Descobrir o espaço, atirar o laço e sentir a presa, proteger a rês,
Conhecer a louca a saltar insana, de gente ciente,
Que vive eternamente entre o santo e o vilão.
E que encontra crente, agarra e se faz gente, no sol do violão,
E até acredita que ela é corrediça e não faz confusão,
Vou entornar a taça,
e em jeito de canção, abro o meu coração, no sol do violão
Viver a graça, sentir a glória, e ficar de pé,
Respirar com garra, agarrar a farra, encontrar a fé.
Vou curtir a dança e viver à farta entornar até,
E despir o corpo, ajeitar o dorso e lamber o pé.
Descobrir o espaço, atirar o laço e sentir a presa, proteger a rês,
Conhecer a louca a saltar insana, de gente ciente,
Que vive eternamente entre o santo e o vilão.
E que encontra crente, agarra e se faz gente, no sol do violão,
E até acredita que ela é corrediça e não faz confusão,
Vou entornar a taça,
e em jeito de canção, abro o meu coração, no sol do violão
Esqueço-me dos dias que conto em conto como contas de rosário
Aqueço-me no ventre da terra com que me cubro no vazio do silêncio
E quedo-me assim na lembrança do sabor do mel dum tempo que vivi
Repouso enfim o corpo dormente mergulhado no orvalho de um olhar
que teima em não se desviar e me diz para voltar
Faltam-me os espaços para os passos vacilantes no vazio do abismo
Quero voar
Aqueço-me no ventre da terra com que me cubro no vazio do silêncio
E quedo-me assim na lembrança do sabor do mel dum tempo que vivi
Repouso enfim o corpo dormente mergulhado no orvalho de um olhar
que teima em não se desviar e me diz para voltar
Faltam-me os espaços para os passos vacilantes no vazio do abismo
Quero voar
pintar um futuro
Seguro um capítulo inteiro temperado de dor
Empapado na torrente de lágrimas cansadas de resistir
Aperto com raiva o papel feito em pedaços de mim
e amasso com raiva a pasta quente de sonho desfeito
Nesta noite penosa e dolente que teima não ter fim
Decido então moldar uma tela e pintar um futuro
Junto ao corpo macio molhado de goma de sangue de acácia
um punhado de manta de terra fria de base de cor,
e um pedaço de pano de céu guardado em segredo,
que esconde pó de estrelas a esgueirar-se pelas dobras de dor
E em pinceladas de sorrisos paridos de esperança
Vibram cores que fazem pulsar vida prenhe de loucura
E o vivo brilho de cetim abraça a terra e faz-se quente
Os cristais de sal emergem em ondulações de luares
Arrastados num compasso melódico de novas cadências
Espatulados de notas cambiantes de novos mares
E faz-se dia.
Empapado na torrente de lágrimas cansadas de resistir
Aperto com raiva o papel feito em pedaços de mim
e amasso com raiva a pasta quente de sonho desfeito
Nesta noite penosa e dolente que teima não ter fim
Decido então moldar uma tela e pintar um futuro
Junto ao corpo macio molhado de goma de sangue de acácia
um punhado de manta de terra fria de base de cor,
e um pedaço de pano de céu guardado em segredo,
que esconde pó de estrelas a esgueirar-se pelas dobras de dor
E em pinceladas de sorrisos paridos de esperança
Vibram cores que fazem pulsar vida prenhe de loucura
E o vivo brilho de cetim abraça a terra e faz-se quente
Os cristais de sal emergem em ondulações de luares
Arrastados num compasso melódico de novas cadências
Espatulados de notas cambiantes de novos mares
E faz-se dia.
espero por mim esta noite
No sossego da noite longa da saudade
A brisa leve e fresca invade o meu luar
E o morno lento dum aconchego de verdade
Traz-me de novo e me acolhe devagar
De mansinho, encontro o espaço de pertença
Percorro os meus recantos docemente
Fecho os olhos e dedilho longamente
os acordes que preenchem a minha crença
A doce e calma espera de me ter
Liberta o fado feitiço da vontade
E força a força de me ver
Na escolha deste espaço de verdade
E desata em mim a força de vingar
Desarma enfim a forma de ficar
Acorda em mim a sede de existir
Avança enfim a escolha de partir
Deslizo pelo manto escuro que fiz meu
Sabe-me bem o sossego longo que sou eu
Na forma de habitar neste espaço de vazio
Feita força bruta em que me crio
Espero por mim esta noite
A brisa leve e fresca invade o meu luar
E o morno lento dum aconchego de verdade
Traz-me de novo e me acolhe devagar
De mansinho, encontro o espaço de pertença
Percorro os meus recantos docemente
Fecho os olhos e dedilho longamente
os acordes que preenchem a minha crença
A doce e calma espera de me ter
Liberta o fado feitiço da vontade
E força a força de me ver
Na escolha deste espaço de verdade
E desata em mim a força de vingar
Desarma enfim a forma de ficar
Acorda em mim a sede de existir
Avança enfim a escolha de partir
Deslizo pelo manto escuro que fiz meu
Sabe-me bem o sossego longo que sou eu
Na forma de habitar neste espaço de vazio
Feita força bruta em que me crio
Espero por mim esta noite
Num recado do coração vim vestida qual cometa
Num recado mudo do coração
Vejo-me pertencer a um corpo menor
Que orbita solitário na estrela maior
E sei que aqui só passarei uma vez
Exibindo a minha cabeleira vasta
Sou corpo frio a dizer basta
Venho da nuvem de Oort para além do Cinturão
Atirado do sistema para o lume
Por vários que se guerreiam pelo espaço
Depressa se faz perto a grande estrela
E aqui só passarei uma vez
Venho qual bola de gelo sujo, assim dirá
Vestindo cousas menores, própria poeira
Sigo cada vez mais perto da grande estrela
E mesmo por imposição
Bem por força da radiação
É do lado oposto que se forma
Oponente ao grande fogo, enorme cauda
Para que da terra se veja pela norma
A de luz que eu meneio, vistosa lauda
E qual cometa
Ainda que aqui só passe desta vez eu vos direi
Que é à vista desarmada que se veja
Por tempo longo e demorado, assim seja,
Como cabe ser, antes da morte
Serei luz, na minha veste em espectro vibrante
Emanada deste corpo frio e distante
Ser brilhante e notável como os Grandes, coube a sorte
Num recado mudo do coração
Do frio fruirá o fogo ainda que fátuo
Não, eu não abrirei mão
Vejo-me pertencer a um corpo menor
Que orbita solitário na estrela maior
E sei que aqui só passarei uma vez
Exibindo a minha cabeleira vasta
Sou corpo frio a dizer basta
Venho da nuvem de Oort para além do Cinturão
Atirado do sistema para o lume
Por vários que se guerreiam pelo espaço
Depressa se faz perto a grande estrela
E aqui só passarei uma vez
Venho qual bola de gelo sujo, assim dirá
Vestindo cousas menores, própria poeira
Sigo cada vez mais perto da grande estrela
E mesmo por imposição
Bem por força da radiação
É do lado oposto que se forma
Oponente ao grande fogo, enorme cauda
Para que da terra se veja pela norma
A de luz que eu meneio, vistosa lauda
E qual cometa
Ainda que aqui só passe desta vez eu vos direi
Que é à vista desarmada que se veja
Por tempo longo e demorado, assim seja,
Como cabe ser, antes da morte
Serei luz, na minha veste em espectro vibrante
Emanada deste corpo frio e distante
Ser brilhante e notável como os Grandes, coube a sorte
Num recado mudo do coração
Do frio fruirá o fogo ainda que fátuo
Não, eu não abrirei mão
carroucel da manhã com o titito
Ontem andámos num verdadeiro carrocel logo de manhãzinha.
É.
Não deixámos nada por fazer, mas que foi complicado, foi!
Já foi motivo de muita conversa mas sabes como foi.
Ainda não sei se me desculpas por ter tudo avariado logo de manhã…
Mas eu acredito mesmo do fundo do meu coração e os teus olhos chegam lá
com o brilho com que o iluminas, que na verdade até achas que eu não tive nada a ver com isso.
Sim. Lembras-te bem como foi?
Acho que já estava na casa de banho, sim foi assim.
E como sempre dás-te conta e vais dizer-me bom dia.
Depois como habitual vais para a sala.
E logo ali no teu olá achei estranho o teu olhar de incompreensão para o lusco fusco a que não estavas habituado.
E já na sala não entendeste mesmo nada.
Avó, e os bonecos, apontaste a televisão?
Não dá meu amor…
Avó e a luz?
Também não dá.
Avó, o que é isto? e olhaste estranhando a vela acesa na mesinha de apoio.
Posso soprar vó?
Não, não não faças isso, acerquei-me logo, meia vestida, a tentar explicar a situação.
Ainda mais espantado ficaste. Afinal não era para soprar…
E os bonecos, vó? Retorquíste olhando de novo o pequeno ecran.
Bem, aí foi quando eu comecei a dizer que estava tudo avariado. Assim já me ias entender.
Neto, está estragado…
Avó, quero Nestum lembraste-me tu o teu estômagosinho já a dar horas.
E não havia forma.
Lá vim com leite de pacote que te desagradou profundamente.
A papa é o habitual… Então avó e pãozinho quentinho? Que é a torrada que tanto gostas. Sempre ia remediar…
Até eu vacilei, até perceber que também não era possível… Não pode ser meu neto, também não dá…
Aí foram-se seguindo todas as questões da luz da escada que és tu meu amor que já acendes em bico de pés, colaborante nas pequenas tarefas de rotina matinal, o fecho da porta da rua….
Tudo avariado…
Contrafeito lá me acompanhaste à paragem de autocarro.
Hoje acordámos sem luz e aqui ainda não usamos gerador…
É.
Não deixámos nada por fazer, mas que foi complicado, foi!
Já foi motivo de muita conversa mas sabes como foi.
Ainda não sei se me desculpas por ter tudo avariado logo de manhã…
Mas eu acredito mesmo do fundo do meu coração e os teus olhos chegam lá
com o brilho com que o iluminas, que na verdade até achas que eu não tive nada a ver com isso.
Sim. Lembras-te bem como foi?
Acho que já estava na casa de banho, sim foi assim.
E como sempre dás-te conta e vais dizer-me bom dia.
Depois como habitual vais para a sala.
E logo ali no teu olá achei estranho o teu olhar de incompreensão para o lusco fusco a que não estavas habituado.
E já na sala não entendeste mesmo nada.
Avó, e os bonecos, apontaste a televisão?
Não dá meu amor…
Avó e a luz?
Também não dá.
Avó, o que é isto? e olhaste estranhando a vela acesa na mesinha de apoio.
Posso soprar vó?
Não, não não faças isso, acerquei-me logo, meia vestida, a tentar explicar a situação.
Ainda mais espantado ficaste. Afinal não era para soprar…
E os bonecos, vó? Retorquíste olhando de novo o pequeno ecran.
Bem, aí foi quando eu comecei a dizer que estava tudo avariado. Assim já me ias entender.
Neto, está estragado…
Avó, quero Nestum lembraste-me tu o teu estômagosinho já a dar horas.
E não havia forma.
Lá vim com leite de pacote que te desagradou profundamente.
A papa é o habitual… Então avó e pãozinho quentinho? Que é a torrada que tanto gostas. Sempre ia remediar…
Até eu vacilei, até perceber que também não era possível… Não pode ser meu neto, também não dá…
Aí foram-se seguindo todas as questões da luz da escada que és tu meu amor que já acendes em bico de pés, colaborante nas pequenas tarefas de rotina matinal, o fecho da porta da rua….
Tudo avariado…
Contrafeito lá me acompanhaste à paragem de autocarro.
Hoje acordámos sem luz e aqui ainda não usamos gerador…
vou saltar o muro
Hoje pesa-me um céu cor de chumbo que teima ditar um fim,
Apesar do Verão fora de época que ilumina outros mortais.
Decido-me então pela rua da esperança, sigo a da paciência e cruzo a dos fetais
No dúbio sentido entre o ser, o estar a mais, e em vez de mim.
Eis que me dou conta da mudança e o que vi,
Ao invés de olhar o espelho e querer ser glória
Vestir combate, limpar a espada, comer vitoria,
Embebedar-me de luxúria, coroar-me de marfim,
Foi eu própria em rodopio, a dançar em frenesim,
qual canino farejando a caud(s)a sua na busca de si
Hoje pesa-me um céu cor de chumbo que teima ditar o meu fim
sob um sol ardente a brilhar noutro jardim
Hoje, vou saltar o muro
Apesar do Verão fora de época que ilumina outros mortais.
Decido-me então pela rua da esperança, sigo a da paciência e cruzo a dos fetais
No dúbio sentido entre o ser, o estar a mais, e em vez de mim.
Eis que me dou conta da mudança e o que vi,
Ao invés de olhar o espelho e querer ser glória
Vestir combate, limpar a espada, comer vitoria,
Embebedar-me de luxúria, coroar-me de marfim,
Foi eu própria em rodopio, a dançar em frenesim,
qual canino farejando a caud(s)a sua na busca de si
Hoje pesa-me um céu cor de chumbo que teima ditar o meu fim
sob um sol ardente a brilhar noutro jardim
Hoje, vou saltar o muro
quero-te tanto
Hoje quis-te aqui com tanta força
Que desejei não estar aqui para te dar lugar
Quis-te embalar nos braços sem espaço para ti
E quão minúsculo senti o meu regaço
Para tamanha grandeza e força de ser para te ter
Afinal senti-me de novo embalada no teu colo
Seguindo o canto do sorriso do teu doce olhar
Como sou ainda pequenina minha mãe
Quero-te tanto!
Que desejei não estar aqui para te dar lugar
Quis-te embalar nos braços sem espaço para ti
E quão minúsculo senti o meu regaço
Para tamanha grandeza e força de ser para te ter
Afinal senti-me de novo embalada no teu colo
Seguindo o canto do sorriso do teu doce olhar
Como sou ainda pequenina minha mãe
Quero-te tanto!
Quando eu chegar
Quando eu chegar
Pousarei meus lábios docemente em cada flor
banharei meus olhos em cada luz e acalmarei a dor
Deixar-me-ei levar
Quando eu chegar
Sem pressa de chegar
Vou deixar-me arrebatar
E gingarei em esteiras a doçura do amor
provarei sabores e doces licores
cheiros intensos e mostos de cor
maruvos marimbas rebitas tambores
Quando eu chegar
sem pressa de chegar
deixar-me-ei levar
Pousarei meus lábios docemente em cada flor
banharei meus olhos em cada luz e acalmarei a dor
Deixar-me-ei levar
Quando eu chegar
Sem pressa de chegar
Vou deixar-me arrebatar
E gingarei em esteiras a doçura do amor
provarei sabores e doces licores
cheiros intensos e mostos de cor
maruvos marimbas rebitas tambores
Quando eu chegar
sem pressa de chegar
deixar-me-ei levar
vou sentar-me à tua espera sem esperar
vou sentar-me à tua espera,
enquanto saboreio a madrugada
e caminho docemente embriagada
pelo sossego macio ameno e lento
dos sons de festim do meu silêncio.
vou sentar-me à tua espera,
e deixar que os fios de brisa
de liras de prata brilhante,
deslizem cadentes e ondulantes
e na volúpia de uma dança inebriante
penteiem longamente os meus cabelos
num sussurro acariciador,
e que me falem ao ouvido
quase em murmúrio, qual Alceu à pura Safo,
de violetas coroada e de suave sorriso,
me tragam novas de ti, meu doce abafo
em toadas de odes ao amor.
vou sentar-me à tua espera sem esperar
enquanto a noite quente me abraça
me acaricia o corpo devagar
em arranjos de cores e andamentos
num sofrer de gozo dos momentos
de Átis doce e amargo tormento
mistos de veludos de luar
vou sentar-me à tua espera
por de não ter que te esperar
vou sentar-me à tua espera
certa que não precisas de chegar
enquanto saboreio a madrugada
e caminho docemente embriagada
pelo sossego macio ameno e lento
dos sons de festim do meu silêncio.
vou sentar-me à tua espera,
e deixar que os fios de brisa
de liras de prata brilhante,
deslizem cadentes e ondulantes
e na volúpia de uma dança inebriante
penteiem longamente os meus cabelos
num sussurro acariciador,
e que me falem ao ouvido
quase em murmúrio, qual Alceu à pura Safo,
de violetas coroada e de suave sorriso,
me tragam novas de ti, meu doce abafo
em toadas de odes ao amor.
vou sentar-me à tua espera sem esperar
enquanto a noite quente me abraça
me acaricia o corpo devagar
em arranjos de cores e andamentos
num sofrer de gozo dos momentos
de Átis doce e amargo tormento
mistos de veludos de luar
vou sentar-me à tua espera
por de não ter que te esperar
vou sentar-me à tua espera
certa que não precisas de chegar
bailemos homens, bailemos!
http://www.advocatus.pt/opiniao/3957
Não sendo taxa mas imposto
É justo certo e suposto
Que estamos a ser roubados
Ou estamos nós enganados,
Ou muitas gentes de fé
Com ar certo e circunspecto
Ou nos faltam ao respeito
Ou nos tocam pela ré
Levantaremos a âncora?
Fazemos um finca pé?
Ou deixamos os bastardos
Fazer de nós gato e sapato
E gozar em cada acto
Tudo sempre de boa fé…
Fiquemos pelo acordo não é?…
Somos um povo sereno
Gente de boa fé
Bailemos homens, bailemos!
Não sendo taxa mas imposto
É justo certo e suposto
Que estamos a ser roubados
Ou estamos nós enganados,
Ou muitas gentes de fé
Com ar certo e circunspecto
Ou nos faltam ao respeito
Ou nos tocam pela ré
Levantaremos a âncora?
Fazemos um finca pé?
Ou deixamos os bastardos
Fazer de nós gato e sapato
E gozar em cada acto
Tudo sempre de boa fé…
Fiquemos pelo acordo não é?…
Somos um povo sereno
Gente de boa fé
Bailemos homens, bailemos!
certezas
...
Quando embriagada com certezas de ti
fico sóbria das loucuras de mim
Mas...
Embora embriagada com loucuras de ti,
Estou sóbria com certezas de mim
Quando embriagada com certezas de ti
fico sóbria das loucuras de mim
Mas...
Embora embriagada com loucuras de ti,
Estou sóbria com certezas de mim
ditando os sete mortais
Espreito as Origens Sagradas de Coisas Profundas,
Com o devido respeito que conste, nada têm de profanas,
Pois no vale desafortunado de artes imundas,
Cabe segundo Evágrio, oito crimes de "paixões" humanas.
Eleitas em ordem crescente de importância,
Por propostos juízes de circunstância,
Então se acharam indecisas de certeza e relevância.
Assim, se acercaram vários, tomados de elevação
Julgando que do ponto dos pecados, o julgo tornava piores
Quando roçando a soberba, se tornavam males maiores.
Abraçando cousa outra vestida de maldição.
Eis que entra Gregório,
E em carácter rescisório,
Troca acídia por inveja,
E para que se veja,
muda a ordem sim senhor,
Em nome dos que em entender, menos ofendiam o amor.
Por acrescento ainda, e sem qualquer veleidade
Acima-lhe em topo o orgulho, a vaidade,
Soberba por assim dizer, como arte de mal maior
Junta-se por final Aquino
Com rores de tratados e desvelo
Somando a preguiça em conta, por apelo
Fica-se então à cautela, pelos sete por destino.
Pois das piores doenças de Evágrio, o que conta,
Noutras artes de melhor dizer males e horrores,
São os opostos aos sete, os de virtudes de igual monta
Pela salvação dos pecadores
Com o devido respeito que conste, nada têm de profanas,
Pois no vale desafortunado de artes imundas,
Cabe segundo Evágrio, oito crimes de "paixões" humanas.
Eleitas em ordem crescente de importância,
Por propostos juízes de circunstância,
Então se acharam indecisas de certeza e relevância.
Assim, se acercaram vários, tomados de elevação
Julgando que do ponto dos pecados, o julgo tornava piores
Quando roçando a soberba, se tornavam males maiores.
Abraçando cousa outra vestida de maldição.
Eis que entra Gregório,
E em carácter rescisório,
Troca acídia por inveja,
E para que se veja,
muda a ordem sim senhor,
Em nome dos que em entender, menos ofendiam o amor.
Por acrescento ainda, e sem qualquer veleidade
Acima-lhe em topo o orgulho, a vaidade,
Soberba por assim dizer, como arte de mal maior
Junta-se por final Aquino
Com rores de tratados e desvelo
Somando a preguiça em conta, por apelo
Fica-se então à cautela, pelos sete por destino.
Pois das piores doenças de Evágrio, o que conta,
Noutras artes de melhor dizer males e horrores,
São os opostos aos sete, os de virtudes de igual monta
Pela salvação dos pecadores
para vós
Para vós,
Eu ditarei a luz sobre as trevas
Acalmarei os ventos e sossegarei caminhos
Lavarei feridas de calvários e tormentas em pés de viandantes
Abraçarei coragens, loucuras e sentidos de vontade
Alargarei espíritos, vencerei destinos, mudarei sortes e fados
Ditarei a vida de venturas e fortunas
Serei Deus, demónio, gigante e demiurgo
Jogarei o mundo com perícia de toques certeiros
Para vós serei a terra, o céu, o dia, a noite, chuva e vento
O manto o chão a teia o consolo o vosso alento
A esperança e a fé a tempo inteiro
Serei tudo o que quiserdes
Para vós,
Arrebatarei o sol que esbanjarei em torrentes de cor
Pintarei o espaço de veludos de luares
Serei espaço, o corpo o tempo e a vontade
Plantarei pilares erguerei céus sobre os vossos sonhos
Serei Deus, demónio, gigante e demiurgo
E vencerei mundos para vós.
Eu ditarei a luz sobre as trevas
Acalmarei os ventos e sossegarei caminhos
Lavarei feridas de calvários e tormentas em pés de viandantes
Abraçarei coragens, loucuras e sentidos de vontade
Alargarei espíritos, vencerei destinos, mudarei sortes e fados
Ditarei a vida de venturas e fortunas
Serei Deus, demónio, gigante e demiurgo
Jogarei o mundo com perícia de toques certeiros
Para vós serei a terra, o céu, o dia, a noite, chuva e vento
O manto o chão a teia o consolo o vosso alento
A esperança e a fé a tempo inteiro
Serei tudo o que quiserdes
Para vós,
Arrebatarei o sol que esbanjarei em torrentes de cor
Pintarei o espaço de veludos de luares
Serei espaço, o corpo o tempo e a vontade
Plantarei pilares erguerei céus sobre os vossos sonhos
Serei Deus, demónio, gigante e demiurgo
E vencerei mundos para vós.
as franjas de purpurina da orla da minha saia
as franjas de purpurina da orla da minha saia
deixam riscos de sol no soalho
e deixam confusos os deuses que ditam as horas felizes
que não batem certo com as horas corridas a eito
que bailam nos brilhos de purpurina da orla da minha saia
não façam fé não tomem a peito
que de qualquer jeito
os rasgos dourados em rios de fés
saídos das sombras de quaisquer convés
que espreitam sorrisos, requebros de corpo e sopros trinados,
abrirão caminho por entre os escolhos
e do passo marcado, ao ébrio volteio, voltas, enlaces treinados,
encherão os espaços vazios trajando as vestes de outras marés
nas franjas de purpurina da orla da minha saia
os riscos de sol do soalho brindarão aos deuses as horas felizes
deixam riscos de sol no soalho
e deixam confusos os deuses que ditam as horas felizes
que não batem certo com as horas corridas a eito
que bailam nos brilhos de purpurina da orla da minha saia
não façam fé não tomem a peito
que de qualquer jeito
os rasgos dourados em rios de fés
saídos das sombras de quaisquer convés
que espreitam sorrisos, requebros de corpo e sopros trinados,
abrirão caminho por entre os escolhos
e do passo marcado, ao ébrio volteio, voltas, enlaces treinados,
encherão os espaços vazios trajando as vestes de outras marés
nas franjas de purpurina da orla da minha saia
os riscos de sol do soalho brindarão aos deuses as horas felizes
minha lua
De novo a lua
Que seguro com ambas as mãos
Aconchego ao coração
À terra quente do meu ventre, ávido de ti
A nossa lua, a minha lua
Que te leva, que me leva entre marés
És tu minha lua que ditas as marés
Que influencias as minhas águas
Que teimam acompanhar o teu movimento
Até à dor do atrito no fundo da minha alma
E me tolhe os movimentos e te afasta de mim
Mas eu não vou deixar que mintas
e vou fintar a nova
E vou pegar-te cheia,
pelo teu lado não visível aos outros
Erguer a ponte de amor carregado de desejo
Do cimo do embondeiro
E chegar a ti
Então, vou vestir-me de sonhos rubros de terra quente
Lavar o corpo com o negro forte fundo e doce dos rios
Embalar-me com o murmúrio do xuxualhar do verde
E humedecer os lábios secos na tua face redonda
Eu vou agarrar-te o negro de luz
Minha lua, minha Luanda
Que seguro com ambas as mãos
Aconchego ao coração
À terra quente do meu ventre, ávido de ti
A nossa lua, a minha lua
Que te leva, que me leva entre marés
És tu minha lua que ditas as marés
Que influencias as minhas águas
Que teimam acompanhar o teu movimento
Até à dor do atrito no fundo da minha alma
E me tolhe os movimentos e te afasta de mim
Mas eu não vou deixar que mintas
e vou fintar a nova
E vou pegar-te cheia,
pelo teu lado não visível aos outros
Erguer a ponte de amor carregado de desejo
Do cimo do embondeiro
E chegar a ti
Então, vou vestir-me de sonhos rubros de terra quente
Lavar o corpo com o negro forte fundo e doce dos rios
Embalar-me com o murmúrio do xuxualhar do verde
E humedecer os lábios secos na tua face redonda
Eu vou agarrar-te o negro de luz
Minha lua, minha Luanda
vida
vida vivida em saltos de fé
de purgas de dores e mortes de amores
vingando teimosa em troca de cores
pintar na empresa um destino de pé
Entrar na dança em contra corrente
espada em riste e golpes em frente
estrada, cruzada, no espaço gigante
da louca viagem levada adiante
torcendo o destino dizendo sou gente
corrida sentida em jeitos de fé
corrida vivida em gestos de fé
de purgas de dores e mortes de amores
vingando teimosa em troca de cores
pintar na empresa um destino de pé
Entrar na dança em contra corrente
espada em riste e golpes em frente
estrada, cruzada, no espaço gigante
da louca viagem levada adiante
torcendo o destino dizendo sou gente
corrida sentida em jeitos de fé
corrida vivida em gestos de fé
entrar no jogo
vou querer entrar no jogo, vou a pé
vou correr descalça campos fora, tenho fé
vou esgotar fôlegos de prazer
num jogo de cintura
vou entrar na dança, travar o jogo da vida
na sangria do gozo dum pleno querer
e estar à altura
Vou fintar o destino com sorriso rasgado
jogos de pés, andar requebrado e vontade de ser
vou querer entrar de novo no jogo,estou de pé.
vou correr descalça campos fora, tenho fé
vou esgotar fôlegos de prazer
num jogo de cintura
vou entrar na dança, travar o jogo da vida
na sangria do gozo dum pleno querer
e estar à altura
Vou fintar o destino com sorriso rasgado
jogos de pés, andar requebrado e vontade de ser
vou querer entrar de novo no jogo,estou de pé.
vesti-me de festim
vesti-me no hábito longo da espera
mirei-me e decidi aprender a tecê-lo
ao invés do pesado tecido de angústias
teci-o da mais macia e delicada seda
num exercício de esmero costurado de zelo
inventei contornos de penas em enlaços de fortuna
vesti-me do hábito longo de esperas de vitórias
a a veste áspera e fria tornei doce e quente de glórias
vesti-me de festim
mirei-me e decidi aprender a tecê-lo
ao invés do pesado tecido de angústias
teci-o da mais macia e delicada seda
num exercício de esmero costurado de zelo
inventei contornos de penas em enlaços de fortuna
vesti-me do hábito longo de esperas de vitórias
a a veste áspera e fria tornei doce e quente de glórias
vesti-me de festim
quero-me na dianteira
acordo-me com vontade de me ver, primeira
quero-me na dianteira
e cumpro-me prometida de um só lugar,o primeiro
quero-me firme de mim por inteiro
então seguro-me certa de me querer inteira
e firmo-me de ver-me então e sempre, primeira
quero-me na dianteira
quero-me na dianteira
e cumpro-me prometida de um só lugar,o primeiro
quero-me firme de mim por inteiro
então seguro-me certa de me querer inteira
e firmo-me de ver-me então e sempre, primeira
quero-me na dianteira
Lourdes Van-Dunem, ou Tia Lourdes como era conhecida em Angola, canta com os célebre N'Gola Ritmos para a RTP em 1964.
Esta é uma actuação histórica do grupo fundado por "Liceu" Vieira Dias, que viria a sofrer uma enorme repressão, terminando na prisão de dois dos seus fundadores (Amadeu e Liceu).
Por esta altura quem assegurava o grupo eram Nino, Fontinhas, Xôdo, Zé Cordeiro, Lourdes e Gégé.
Esta é uma actuação histórica do grupo fundado por "Liceu" Vieira Dias, que viria a sofrer uma enorme repressão, terminando na prisão de dois dos seus fundadores (Amadeu e Liceu).
Por esta altura quem assegurava o grupo eram Nino, Fontinhas, Xôdo, Zé Cordeiro, Lourdes e Gégé.
azul
Uma das três primárias acalenta
A comunhão de pigmentos ciano e magenta
Entre os matizes, o menos expansivo aos olhos
Pela dificuldade de encontrá-las nos pobres
Em momentos diversos, destinada a temas nobres
E no começo medievo, a servos, sem escolhos
Da dificuldade para chegar ao tom
A época de Rómulo e Remo lhe deu o bárbaro dom
Até ter mirtilos olhos era achado barbárie criatura
De Isátis a escolhida, tinta dos tecidos de estatura
Das três primeiras apresenta
Comunhão de princípio ciano e magenta
Associada à frieza, depressão, monotonia
Também à paz, à ordem, à harmonia
No comprimento de onda um bilionésimo do metro
Do espectro cores visíveis na verdade,
Acreditem, estimula a criatividade
Pois ao deixar a planta fermentando em água,
Ureia ácido úrico, sal e outras substâncias a par
Juntavam o álcool que acelerava o processo
E vendo bem, para melhor resultar
Desse licor tintureiros se encharcaram do avesso
É assim da expressão blau werden,
Do norte até ao sul
Se veja vernáculo borracho em vez de azul
A comunhão de pigmentos ciano e magenta
Entre os matizes, o menos expansivo aos olhos
Pela dificuldade de encontrá-las nos pobres
Em momentos diversos, destinada a temas nobres
E no começo medievo, a servos, sem escolhos
Da dificuldade para chegar ao tom
A época de Rómulo e Remo lhe deu o bárbaro dom
Até ter mirtilos olhos era achado barbárie criatura
De Isátis a escolhida, tinta dos tecidos de estatura
Das três primeiras apresenta
Comunhão de princípio ciano e magenta
Associada à frieza, depressão, monotonia
Também à paz, à ordem, à harmonia
No comprimento de onda um bilionésimo do metro
Do espectro cores visíveis na verdade,
Acreditem, estimula a criatividade
Pois ao deixar a planta fermentando em água,
Ureia ácido úrico, sal e outras substâncias a par
Juntavam o álcool que acelerava o processo
E vendo bem, para melhor resultar
Desse licor tintureiros se encharcaram do avesso
É assim da expressão blau werden,
Do norte até ao sul
Se veja vernáculo borracho em vez de azul
da varanda do céu
Debruçada na varanda do céu
Finco os calcanhares na terra vermelha
E procuro o verde rubro da carne com cheiro de esperança
e cor com matizes de força de viver
Sinto o odor de sangue feito seiva
que pulsa das veias dos braços fortes do denso verde
e embrenho-me nas formas em desenho de corpo de ser
nascido tronco ramo rebento e ramo erguido
onde segura me escondo entre traços de folha e casca de pele de vestir
E assomo de novo às ameias do espaço de sonho
de onde alcanço a extensão de sul
e me refresco, saboreio e me aconchego em calmos silêncios
de conforto dos sons da orquestra vinda do verde denso de ti.
Finco os calcanhares na terra vermelha
E procuro o verde rubro da carne com cheiro de esperança
e cor com matizes de força de viver
Sinto o odor de sangue feito seiva
que pulsa das veias dos braços fortes do denso verde
e embrenho-me nas formas em desenho de corpo de ser
nascido tronco ramo rebento e ramo erguido
onde segura me escondo entre traços de folha e casca de pele de vestir
E assomo de novo às ameias do espaço de sonho
de onde alcanço a extensão de sul
e me refresco, saboreio e me aconchego em calmos silêncios
de conforto dos sons da orquestra vinda do verde denso de ti.
o brilho dos meus olhos
porque te agarras à minha mão,
abraças o meu pescoço
com palmo e meio de braços
e agarras o mundo de cima protegido
pelas águas calmas da bacia do meu colo,
me faço fonte, terra, abrigo, fogo e sombra.
por ti meu pequenino me agiganto cada dia,
descubro as tuas descobertas
me encanto com os teus encantos
fantasio as tuas fantasias
e até me apanho a cantar sozinha,
a dançar ao compasso dum semba de memória
que viaja a toda a hora comigo
me faz rir à toa
e me pinta aquele brilho nos olhos
abraças o meu pescoço
com palmo e meio de braços
e agarras o mundo de cima protegido
pelas águas calmas da bacia do meu colo,
me faço fonte, terra, abrigo, fogo e sombra.
por ti meu pequenino me agiganto cada dia,
descubro as tuas descobertas
me encanto com os teus encantos
fantasio as tuas fantasias
e até me apanho a cantar sozinha,
a dançar ao compasso dum semba de memória
que viaja a toda a hora comigo
me faz rir à toa
e me pinta aquele brilho nos olhos
obrigada mãe
obrigada mãe por aqueceres o meu ninho
ajudares a trazer de volta o balanço quente de dias vibrantes
mesmo com chuvas cinza de vento pintados
pulamos o fusco e pousamos leve na cor de fatos brilhantes
com gozo de tempos de novo inventados
é assim mãe quando aqueces o meu ninho
ajudares a trazer de volta o balanço quente de dias vibrantes
mesmo com chuvas cinza de vento pintados
pulamos o fusco e pousamos leve na cor de fatos brilhantes
com gozo de tempos de novo inventados
é assim mãe quando aqueces o meu ninho
páginas em branco
Escrevo páginas brancas, tantas, de dores e vitórias
Inscrevo recados tratados e formas de tudo mais
Procuro o sabor e a lembrança de todas as histórias
E guardo segredos, temperos e cheiros de gozo e de ais
E o espaço liso como de ventre sem vida estivesse
De espaços em branco vestido para quem olha
Esconde um colo repleto e prenhe como se quisesse
Invadir de surpresa o palco zombando sem escolha
Não se ruborizem faces
Não se incendeiem vestes
Não se inflamem hinos
Não se envergonhem fraques
Não se dobrem sinos
Não se curvem craques
Quando ao acender a vela o ácido citrino atear a vida
E os cadernos brancos inchados de verbo
Falarem de toda a comenda guardada e mantida
No claustro dourado de sonho de um servo
Em páginas brancas repletas de soro acidolante
Ante a chama ardente da fonte de luz ondulante
Inscrevo recados tratados e formas de tudo mais
Procuro o sabor e a lembrança de todas as histórias
E guardo segredos, temperos e cheiros de gozo e de ais
E o espaço liso como de ventre sem vida estivesse
De espaços em branco vestido para quem olha
Esconde um colo repleto e prenhe como se quisesse
Invadir de surpresa o palco zombando sem escolha
Não se ruborizem faces
Não se incendeiem vestes
Não se inflamem hinos
Não se envergonhem fraques
Não se dobrem sinos
Não se curvem craques
Quando ao acender a vela o ácido citrino atear a vida
E os cadernos brancos inchados de verbo
Falarem de toda a comenda guardada e mantida
No claustro dourado de sonho de um servo
Em páginas brancas repletas de soro acidolante
Ante a chama ardente da fonte de luz ondulante
Meu primogénito, neste teu dia
Não, não é do careca dourado de que te vou falar
Dos trinta e cinco centímetros e quase quatro quilos de estanho
Vestido em ouro de catorze quilates pelo prestígio da sétima arte
Não, não é do cavaleiro brilhante que todos veneram
De espada de cruzado atravessada verticalmente no peito
Assente num pedestal à sua medida feito rolo de filme.
A Academia me perdoe, o colégio me absolva,
A cerimónia de muitos milhões na assistência me dispense.
Preferia antes lembrar a origem, como soa no velho inglês… OSker.
À lança dos deuses que faz jus ao teu desempenho na frente da vida
No do gaélico que te chama o amigo do veado
De Napoleão que te levou ao trono dos reinos do norte como Oskar I
Mas porque nem com Wilde ou La Renta,
Reconhecimentos à excelência,
Mitologias ou simbolismos de quem frequenta
Cerimónias de tanta eloquência,
Me contento,
Direi apenas,
Meu primogénito, neste teu dia,
Brilha como sempre o sabes fazer
Assenta bem os pés no rolo seguro do que quiseres escolher da sétima arte da vida
Empunha a lança dos deuses que faz jus ao teu desempenho na frente da tua vida
Esbanja a tua generosidade como do gaélico te dita
E acredita
Sê simplesmente
O meu filho Óscar
Dos trinta e cinco centímetros e quase quatro quilos de estanho
Vestido em ouro de catorze quilates pelo prestígio da sétima arte
Não, não é do cavaleiro brilhante que todos veneram
De espada de cruzado atravessada verticalmente no peito
Assente num pedestal à sua medida feito rolo de filme.
A Academia me perdoe, o colégio me absolva,
A cerimónia de muitos milhões na assistência me dispense.
Preferia antes lembrar a origem, como soa no velho inglês… OSker.
À lança dos deuses que faz jus ao teu desempenho na frente da vida
No do gaélico que te chama o amigo do veado
De Napoleão que te levou ao trono dos reinos do norte como Oskar I
Mas porque nem com Wilde ou La Renta,
Reconhecimentos à excelência,
Mitologias ou simbolismos de quem frequenta
Cerimónias de tanta eloquência,
Me contento,
Direi apenas,
Meu primogénito, neste teu dia,
Brilha como sempre o sabes fazer
Assenta bem os pés no rolo seguro do que quiseres escolher da sétima arte da vida
Empunha a lança dos deuses que faz jus ao teu desempenho na frente da tua vida
Esbanja a tua generosidade como do gaélico te dita
E acredita
Sê simplesmente
O meu filho Óscar
Namibiano ferreira. Porque me apetecem poemas encantados
ÓLUSAPÒ WA SEKULU LUÍJI
O Sekulu Luíji contava estórias
e no forno de barro assava leitões
para ganhar alguns magros tostões
era o melhor assador das redondezas.
As estórias do Sekulu Luíji
eram poemas encantados
que nenhum poeta consagrado
haverá algum dia de escrever.
O Sekulu Luíji contava estórias
e no forno de barro assava leitões
para ganhar alguns magros tostões.
As suas estórias eram encantos
que nem todos sabiam escutar...
era o melhor contador de estórias
das redondezas: – Ólusapò wá...
ólusapò wá kandimba kwénda hósi...
Um dia o Sekulu Luíji desapareceu.
O Sol e a Lua somaram os dias...
e o Sekulu Luíji não mais voltou
(nunca mais haveria de voltar).
E as estórias só desapareceram
contadas na boca do Sekulu Luíji.
As estórias, o cerne e alma delas,
ficaram retidas, porém, na ventania,
voz oral do vento que nem muloje
consegue fazer calar no feitiço.
– Xé mano, sente só, Sekulu Luíji
desapareceu. Foi karkamano
foi karkamano que pegou
foi karkamano que matou
Sekulu Luíji – aiuê, aiuê, Suku yanguê!
Murmurava o povo no cicio da brisa medrosa.
O Sekulu Luíji nunca mais voltou
nunca, nunca mais... nunca mesmo.
Mas à noite, nos meus sonhos,
quando volto de novo a ser candengue,
Sekulu Luíji vem contar-me estórias
e ri muito, um riso muito cheio de vida,
um riso a fazer bailar o ouro das estrelas
como no tempo em que me ensinava,
na mangonha das tardes, a xingar em umbundu
sob o olhar reprovador e muxoxo censura
dos kotas e outros sekulus sisudos.
E nos meus sonhos, quando ele ri muito,
muito de fazer bailar o ouro das estrelas,
a sua boca solta-se no algodão todo sorriso de marfim.
Ele é um anjo negro na plumagem alada do brilho
a reluzir, a brilhar uma luz tão intensa e tão forte
que a noite do sono se transforma num dia de sol.
As estórias que ele me conta nos meus sonhos
transformo-as eu, depois, em versos e poemas acontecidos
no cetim onírico da poesia que timidamente faço acontecer.
Mas são pobres os poemas acontecidos perante as cores
e missangas, riquezas e silêncios, gestos e momentos
que o meu mestre tão sabiamente sabe criar e contar
na boca sem escrita das bikuatas do verbo e do vento...
........................................................................................
Olusapo lwápwá (a estória terminou)
Namibiano Ferreira
Glossário:
Aiuê, aiuê, Suku yanguê! – Ai, ai, meu Deus! Em umbundu.
Bikuatas – Carga, pertences, haveres, bagagens. O mesmo que imbambas.
Candengue (kandengue) – Criança, criancinha.
Karkamano – Nome pejorativo que se dá, em Angola, aos Sul Africanos brancos.
Kotas – São os mais-velhos, homens respeitados.
Mangonha – Preguiça.
Muloje – Feiticeiro.
Muxoxo – Barulho característico que se faz, fazendo passar o ar entre a língua e os dentes, verbo muxoxar. O muxoxo tem uma conotação de sensura, reprovação ou desdém.
Ólusapò wá... – Esta é a estória... (umbundu).
Ólusapò wá kandimba kwénda hósi... –Esta é a estória da lebre e do leão... (umbundu)
Sekulu – Ancião. Deve ler-se com “e” aberto recaindo a sílaba tónica na segunda sílaba, (sekúlu).
O Sekulu Luíji contava estórias
e no forno de barro assava leitões
para ganhar alguns magros tostões
era o melhor assador das redondezas.
As estórias do Sekulu Luíji
eram poemas encantados
que nenhum poeta consagrado
haverá algum dia de escrever.
O Sekulu Luíji contava estórias
e no forno de barro assava leitões
para ganhar alguns magros tostões.
As suas estórias eram encantos
que nem todos sabiam escutar...
era o melhor contador de estórias
das redondezas: – Ólusapò wá...
ólusapò wá kandimba kwénda hósi...
Um dia o Sekulu Luíji desapareceu.
O Sol e a Lua somaram os dias...
e o Sekulu Luíji não mais voltou
(nunca mais haveria de voltar).
E as estórias só desapareceram
contadas na boca do Sekulu Luíji.
As estórias, o cerne e alma delas,
ficaram retidas, porém, na ventania,
voz oral do vento que nem muloje
consegue fazer calar no feitiço.
– Xé mano, sente só, Sekulu Luíji
desapareceu. Foi karkamano
foi karkamano que pegou
foi karkamano que matou
Sekulu Luíji – aiuê, aiuê, Suku yanguê!
Murmurava o povo no cicio da brisa medrosa.
O Sekulu Luíji nunca mais voltou
nunca, nunca mais... nunca mesmo.
Mas à noite, nos meus sonhos,
quando volto de novo a ser candengue,
Sekulu Luíji vem contar-me estórias
e ri muito, um riso muito cheio de vida,
um riso a fazer bailar o ouro das estrelas
como no tempo em que me ensinava,
na mangonha das tardes, a xingar em umbundu
sob o olhar reprovador e muxoxo censura
dos kotas e outros sekulus sisudos.
E nos meus sonhos, quando ele ri muito,
muito de fazer bailar o ouro das estrelas,
a sua boca solta-se no algodão todo sorriso de marfim.
Ele é um anjo negro na plumagem alada do brilho
a reluzir, a brilhar uma luz tão intensa e tão forte
que a noite do sono se transforma num dia de sol.
As estórias que ele me conta nos meus sonhos
transformo-as eu, depois, em versos e poemas acontecidos
no cetim onírico da poesia que timidamente faço acontecer.
Mas são pobres os poemas acontecidos perante as cores
e missangas, riquezas e silêncios, gestos e momentos
que o meu mestre tão sabiamente sabe criar e contar
na boca sem escrita das bikuatas do verbo e do vento...
........................................................................................
Olusapo lwápwá (a estória terminou)
Namibiano Ferreira
Glossário:
Aiuê, aiuê, Suku yanguê! – Ai, ai, meu Deus! Em umbundu.
Bikuatas – Carga, pertences, haveres, bagagens. O mesmo que imbambas.
Candengue (kandengue) – Criança, criancinha.
Karkamano – Nome pejorativo que se dá, em Angola, aos Sul Africanos brancos.
Kotas – São os mais-velhos, homens respeitados.
Mangonha – Preguiça.
Muloje – Feiticeiro.
Muxoxo – Barulho característico que se faz, fazendo passar o ar entre a língua e os dentes, verbo muxoxar. O muxoxo tem uma conotação de sensura, reprovação ou desdém.
Ólusapò wá... – Esta é a estória... (umbundu).
Ólusapò wá kandimba kwénda hósi... –Esta é a estória da lebre e do leão... (umbundu)
Sekulu – Ancião. Deve ler-se com “e” aberto recaindo a sílaba tónica na segunda sílaba, (sekúlu).
Como a maré
Trato, traço, meço, laço e finco pé
Entendo, escuto, abrando e ouço até
Venço, cresço, marco, abraço, fico de olho
Recupero, espero, avanço, desfaço e escolho
E fico
Como a maré
E apago a mágoa a dor a sombra que já não é
Aguardo adio recuo faço marcha a ré
Embalo o sonho, repouso, respiro de novo e acolho
A glória a chama a luz a paz a espuma eu colho
E fito
Como a maré
Enfrento a fúria, a fera e não calo o grito
Acendo o lume, guio eu os passos e não evito
Entorno o copo, apago a luz e volto a pé
Escalpo a dor, enfrento a noite e solto a fé
Acento, avanço e danço, decido meu caminho
Desenho a curva e canto, faço o meu destino
E dito
Como a maré
Entendo, escuto, abrando e ouço até
Venço, cresço, marco, abraço, fico de olho
Recupero, espero, avanço, desfaço e escolho
E fico
Como a maré
E apago a mágoa a dor a sombra que já não é
Aguardo adio recuo faço marcha a ré
Embalo o sonho, repouso, respiro de novo e acolho
A glória a chama a luz a paz a espuma eu colho
E fito
Como a maré
Enfrento a fúria, a fera e não calo o grito
Acendo o lume, guio eu os passos e não evito
Entorno o copo, apago a luz e volto a pé
Escalpo a dor, enfrento a noite e solto a fé
Acento, avanço e danço, decido meu caminho
Desenho a curva e canto, faço o meu destino
E dito
Como a maré
Aos meus filhos
E as minhas pernas ergueram-se na noite negra reflectidas no espelho da lua
E os meus braços feitos ramos abraçaram a terra rubra e quente de mim
Os meus cabelos feitos folhas emaranhados em raízes de luar
Colheram então todas as águas de rios regatos e salgado mar
E arranquei-vos do ventre vitoriosa na batalha da vida
E o meu corpo fez-se ponte onde pudestes atravessar mundos imaginários
De contos e fantasias de dias e noites de nunca acabar
Povoados de historias de demónios e fantasmas, gigantes, príncipes e princesas
Chucucumas, tchiquissiquissis, cágados sábios e coelhos candimbas
Misturados com cigarras e formigas capuchinhos vermelhos
naus Catrinetas, Reis Herodes, carochinhas e casinhas de chocolate
E aqui se puderam banhar na cascata dos meus olhos em torrentes de emoções
Pudestes refrescar-vos na sombra do meu peito e sossegar no ninho do meu colo
E as vossas pernas ergueram-se e multiplicaste-vos
E vistes a terra vermelha e olhastes o mundo pequenino lá de cima
Assim se fez dia e então adormeci
E os meus braços feitos ramos abraçaram a terra rubra e quente de mim
Os meus cabelos feitos folhas emaranhados em raízes de luar
Colheram então todas as águas de rios regatos e salgado mar
E arranquei-vos do ventre vitoriosa na batalha da vida
E o meu corpo fez-se ponte onde pudestes atravessar mundos imaginários
De contos e fantasias de dias e noites de nunca acabar
Povoados de historias de demónios e fantasmas, gigantes, príncipes e princesas
Chucucumas, tchiquissiquissis, cágados sábios e coelhos candimbas
Misturados com cigarras e formigas capuchinhos vermelhos
naus Catrinetas, Reis Herodes, carochinhas e casinhas de chocolate
E aqui se puderam banhar na cascata dos meus olhos em torrentes de emoções
Pudestes refrescar-vos na sombra do meu peito e sossegar no ninho do meu colo
E as vossas pernas ergueram-se e multiplicaste-vos
E vistes a terra vermelha e olhastes o mundo pequenino lá de cima
Assim se fez dia e então adormeci
Num qualquer dia o teu dia minha mãe
Num qualquer dia o teu dia minha mãe
Bordado ao de leve com fios da prata dos teus cabelos
em cambraia de pele em dobras finas de rosto colado ao meu
ainda te tenho e guardo-te envolta na luz que me dá vida
te guardo quando me resguardas no ninho de colo que ainda é meu
assim me acolhes no doce profundo e calmo de olhar
Num qualquer dia do teu dia minha mãe
Bordado ao de leve com fios da prata dos teus cabelos
em cambraia de pele em dobras finas de rosto colado ao meu
ainda te tenho e guardo-te envolta na luz que me dá vida
te guardo quando me resguardas no ninho de colo que ainda é meu
assim me acolhes no doce profundo e calmo de olhar
Num qualquer dia do teu dia minha mãe
Hoje vou agarrar este sol
Hoje aproveitei a viagem para escancarar a janela sem ver
já que o sol se fez presente pra mim num quente brilho de doer
Deixei que pousasses a tua mão em concha na minha cabeça e a confortasses
Que os teus doces lábios carnudos levemente tocassem a minha testa
e de mansinho felino deslizasses no escuro sedoso das minhas faces
Depois, que pousasses nos meus lábios um beijo quente quase ardente
agarrasses em fúria de rio a minha nuca e apertasse os meus ombros,
percorresses lentamente o meu corpo disposto a amar-me,
até que me tomasses de forma a não mais puderes abandonar-me.
Enfim deleitada murmurei quando te olhei de olhos fechados e corpo dormente
Fiz-te sol, e hoje vou agarrar este sol.
já que o sol se fez presente pra mim num quente brilho de doer
Deixei que pousasses a tua mão em concha na minha cabeça e a confortasses
Que os teus doces lábios carnudos levemente tocassem a minha testa
e de mansinho felino deslizasses no escuro sedoso das minhas faces
Depois, que pousasses nos meus lábios um beijo quente quase ardente
agarrasses em fúria de rio a minha nuca e apertasse os meus ombros,
percorresses lentamente o meu corpo disposto a amar-me,
até que me tomasses de forma a não mais puderes abandonar-me.
Enfim deleitada murmurei quando te olhei de olhos fechados e corpo dormente
Fiz-te sol, e hoje vou agarrar este sol.
gosto
Gosto do maduro de te querer
do sabor da aventura de te viver
do tempero da ânsia de te saber
do prazer da conquista de te ter
gosto do calor do arrepio de te sentir
Apeteces-me...
do sabor da aventura de te viver
do tempero da ânsia de te saber
do prazer da conquista de te ter
gosto do calor do arrepio de te sentir
Apeteces-me...
"emailando" - este chegou-me através de uma amiga
ATITUDE!!!
Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia, olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça.
- Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje.
Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça..
- Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje.
Assim ela fez e teve um dia magnífico.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.
- Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.
Assim ela fez e teve um dia divertido.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.
- Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo.
ATITUDE É TUDO!
Seja mais humano e agradável com as pessoas.
Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha.
Viva com simplicidade.
Ame generosamente.
Cuide-se intensamente.
Fale com gentileza.
E, principalmente, não reclame.
Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem
Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia, olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça.
- Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje.
Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça..
- Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje.
Assim ela fez e teve um dia magnífico.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.
- Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.
Assim ela fez e teve um dia divertido.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.
- Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo.
ATITUDE É TUDO!
Seja mais humano e agradável com as pessoas.
Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha.
Viva com simplicidade.
Ame generosamente.
Cuide-se intensamente.
Fale com gentileza.
E, principalmente, não reclame.
Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem
Abraço
Atravesso rios e pontes
Galgo oceanos de dor
Bebo de todas as fontes
A fome a sede de amor
Escuto o palpitar da noite
No peito escuro da montanha
Num sussurro quase dolente
Da memória doce e quente
que pulsa do ventre em que se banha
Guardo assim o segredo que te trago
das entranhas desse corpo que te veste
Abraço o dorso manso desse lago
E sorvo a lama ardente que me deste
Galgo oceanos de dor
Bebo de todas as fontes
A fome a sede de amor
Escuto o palpitar da noite
No peito escuro da montanha
Num sussurro quase dolente
Da memória doce e quente
que pulsa do ventre em que se banha
Guardo assim o segredo que te trago
das entranhas desse corpo que te veste
Abraço o dorso manso desse lago
E sorvo a lama ardente que me deste
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