Num recado do coração vim vestida qual cometa

Num recado mudo do coração
Vejo-me pertencer a um corpo menor
Que orbita solitário na estrela maior

E sei que aqui só passarei uma vez

Exibindo a minha cabeleira vasta
Sou corpo frio a dizer basta
Venho da nuvem de Oort para além do Cinturão

Atirado do sistema para o lume
Por vários que se guerreiam pelo espaço
Depressa se faz perto a grande estrela

E aqui só passarei uma vez

Venho qual bola de gelo sujo, assim dirá
Vestindo cousas menores, própria poeira
Sigo cada vez mais perto da grande estrela

E mesmo por imposição
Bem por força da radiação
É do lado oposto que se forma
Oponente ao grande fogo, enorme cauda
Para que da terra se veja pela norma
A de luz que eu meneio, vistosa lauda

E qual cometa
Ainda que aqui só passe desta vez eu vos direi

Que é à vista desarmada que se veja
Por tempo longo e demorado, assim seja,
Como cabe ser, antes da morte
Serei luz, na minha veste em espectro vibrante
Emanada deste corpo frio e distante
Ser brilhante e notável como os Grandes, coube a sorte

Num recado mudo do coração
Do frio fruirá o fogo ainda que fátuo
Não, eu não abrirei mão

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