vou apostar no sol


Chove torrencialmente. Tento fechar a janela do quarto que escancaro todos os dias pela manhã, para saudar um novo dia, apesar da tentação de a manter aberta para melhor apreciar as pedrinhas branquinhas que me chamaram com pancadinhas, nos outros vidros da casa, num compasso musical. As sirenes dos carros estacionados já se ouvem cumprindo a sua missão de não intrusão. Sigo a orquestra e do outro lado quedo-me diante da esteira verde que se estende até ao topo da serra. O toldo do vizinho já preparado para acolher a família nos quentes domingos, já esperados, no cumprimento do calendário já entrado e instalado na nova estação florida, está vestido de branco. De novo o silêncio e uma nesga de sol ainda que tímida, teima impor-se, diante do céu de chumbo que a intimida.
Vou apostar no sol.

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