E foi assim

Quando te tentei falar, ansiei que o não pudesses fazer.
E assim foi.

Hoje quando finalmente senti coragem e desejei que acontecesse,
Assim foi.

Sabia da dor igual que ainda em brasa me atravessa
Quando devagarinho levanto o manto de pele que a cobre e desnuda
Aquela que em vão tento adormecer, quando dormente da luta
A procuro esconder no vão mais fundo da noite de insónia da minha alma

Era assim que a tentava evitar, quando soube da tua igual.
E inventei alegria quando o espaço era de pesar
E num faz de conta de normalidade me vi incapaz de a tornear

E dizias hoje entre soluços entrecortados em espasmos e golfadas
Da perda maior minha querida.
E sentiste porque foi que me quis apartar, quando só te queria abraçar
Quando fugi desse espaço denso espesso onde escureço e bem conheço

Dói, dói muito. Não vai passar, não te vais esquecer, vais-te habituar a conviver
Foi o que consegui dizer
E assim foi
Hoje quando finalmente deixei o faz de conta de ar de normalidade
Da invenção de alegria no espaço negro de pesar e fui capaz de te enfrentar
Para escutar de ti a dor da perda da tua mãe
Dói, dói muito.
Foi o que consegui dizer

1 comentário:

Maria disse...

Palavras fortes e sentidas em dias de tristeza profunda...

Beijinho.